A Operação Panaceia, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), avança na investigação sobre um esquema de desvio de recursos públicos da Saúde em Goiás. O inquérito, que inicialmente mirava o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), ganhou novos desdobramentos com o envolvimento do advogado João Paulo Brzezinski da Cunha, apontado como peça-chave nas operações financeiras suspeitas.
De acordo com a PF, Brzezinski teria atuado na intermediação de contratos fraudulentos firmados entre o Instituto Gerir, organização social responsável pela gestão de hospitais estaduais, e empresas ligadas a ele. A investigação indica que essas empresas receberam R$ 7,4 milhões entre 2012 e 2018 e que parte dos valores foi repassada a terceiros, incluindo familiares de Perillo. Relatórios da CGU apontam uma transferência de R$ 153 mil a parentes do ex-governador.
O Instituto Gerir administrou hospitais como o Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia) e o Hutrin (Hospital de Urgências de Trindade) durante o governo de Perillo. Segundo os investigadores, os contratos dessas unidades de saúde foram utilizados para operacionalizar um esquema de subcontratação irregular, no qual empresas privadas eram selecionadas sem licitação e, posteriormente, repassavam parte dos valores a agentes públicos.
Mandados e bloqueio de bens
Na última fase da operação, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, sendo 10 em Goiânia e um em Brasília. Além disso, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 28 milhões em bens dos investigados, incluindo valores em contas bancárias, imóveis e veículos.
A Polícia Federal apura se os valores desviados podem ser ainda maiores do que o inicialmente identificado. Investigadores analisam contratos semelhantes firmados com outras organizações sociais, o que pode ampliar o alcance do esquema.
Perillo nega envolvimento e fala em perseguição
Diante da repercussão do caso, Marconi Perillo se manifestou por meio de nota e nas redes sociais. O ex-governador classificou a investigação como uma “cortina de fumaça” e um “factoide”, negando qualquer participação em irregularidades. Ele sustenta que suas movimentações financeiras foram legais e devidamente declaradas.
“Tentaram me frear para que eu pare de falar o que eu falo. Mas eu continuo de cabeça erguida, não devo nada, não tenho nada a temer. As leis são jogadas fora em Goiás. É vergonhosa a forma como usam isso para tentar assassinar minha reputação. São capazes de tudo, dominaram o Estado para fazer o que querem com seus adversários”, disse Perillo.
A defesa do ex-governador reforça que ele não teve qualquer participação nos contratos investigados e que não há provas concretas contra ele.